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Foto: Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians |
Apareceu, e no fim da história Pato consegue deixar o
Corinthians da forma que quis e, por enquanto, sem compensação financeira ao
Corinthians. Emprestado ao Chelsea, o atacante viajou para Londres na madrugada
desta quarta-feira ainda sem saber se irá renovar o contrato com o Corinthians
e garantir que não deixará o clube de graça no fim do ano.
Durante toda a novela, o atleta revelado pelo Internacional
teve comportamento exemplar no aspecto de cronograma e evitou bater de frente
com ordens dadas pela comissão técnica, mesmo percebendo que sua saída era
questão de tempo. Cumpria tudo o que era determinado, não reclamava em treinar
separado do grupo e evitava reclamar com colegas.
Pressão
pública do Corinthians após 'não' à China
Foi do Tianjin Quanjian, clube comandado por Vanderlei
Luxemburgo e que levou Jadson, Luis Fabiano e Geuvânio, a proposta que fez o
Corinthians pedir que Pato deixasse o clube. Em comparação ao negócio com o
Chelsea, que se concluiu por empréstimo e não por compra dos direitos
econômicos, o acordo chinês era muito melhor para o clube paulista. Em termos
salariais, Pato receberia cerca de três vezes o que recebe no Corinthians.
Em 5 de janeiro, o então superintendente de futebol Andrés
Sanchez declarou à Rádio Globo: "O problema é que ele não pode enrolar um
ano para sair de graça. Se tiver proposta, tem de aceitar. Com a torcida, não
tem problema. Ele vai se apresentar e jogar. O que não pode é ter proposta boa
para o clube, e ele não aceitar", afirmou o dirigente à Rádio Globo. Pato,
no entanto, informou à diretoria que não aceitaria o negócio com o clube chinês
por preferir esperar a possibilidade de voltar à Europa – se não desse certo,
tentaria reconquistar o espaço no Corinthians.
Embora tenham dito publicamente, diversas vezes, que
respeitam a decisão, diretores corintianos ficaram bastante incomodados, e
consideraram vaidosa a postura do atacante de insistir em uma saída para o
futebol europeu. Andrés Sanchez, hoje ex-dirigente corintiano, já voltou a
pressioná-lo publicamente mesmo após o acerto da negociação.
Comportamento
durante a pressão
Alexandre Pato sempre soube que não seria usado por Tite.
Tanto que nem foi incorporado pelo treinador no grupo que viajou para os
Estados Unidos, no torneio de pré-temporada. Mesmo assim, evitou adotar a
rebeldia como resposta à situação que atravessava.
O jogador compareceu aos treinos no CT Joaquim Grava, não
reclamava de treinar separado e evitava até falar com seus colegas sobre o
futuro. Em várias ocasiões, atletas davam entrevista afirmando desconhecer
detalhes da situação do atacante.
Na hora de conversar, era raro quando participava
diretamente da negociação. Em uma das vezes, foi flagrado jantando com Andrés
Sanchez. Na maior parte do tempo, no entanto, deixava a cargo de seu estafe as
conversas com o clube.
Desgaste com o Corinthians e "empréstimo" ao
Bragantino
Contratado por R$ 40 milhões pelo Corinthians no início de
2013, Pato não conseguiu ter desempenho de destaque no clube e acabou
encontrando o melhor futebol pelo rival São Paulo, no qual jogou as temporadas
de 2014 e 2015 em troca dos pagamentos de metade dos salários (R$ 400 mil) mais
a cessão do meia Jadson, que mais tarde se converteria um dos protagonistas do
título nacional do Corinthians no ano passado.
Durante a passagem de Pato pelo São Paulo, a relação com o
Corinthians, mantida ainda pelo contrato, se desgastou. Em julho de 2015,
Andrés Sanchez afirmou ao jornal Diário de S. Paulo em tom irônico que, caso o
Corinthians não conseguisse vender Pato no fim do ano, iria emprestá-lo ao
Bragantino. O jogador não gostou e respondeu. "Ele sabe que não pode fazer
isso", disse o atacante, que também nunca escondeu que planejava voltar à
Europa em 2016.
O episódio evidenciou o desgaste entre Corinthians e Pato e
o quão difícil seria, para o jogador, reconquistar espaço no clube.
A vitória de Pato: sonho de Chelsea realizado
O Corinthians não conseguiu vender Pato depois do
empréstimo ao São Paulo e, por enquanto, não recupera nada do investimento
feito para tirá-lo do Milan. Ao contrário do que se profetizou em julho de
2015, porém, Pato não foi emprestado ao Bragantino, mas sim ao Chelsea.
O atacante relatou a pessoas próximas quando foi sondado
por diferentes clubes da Europa que seu sonho era jogar no Chelsea – Pato
chegou a trocar informações com jogadores do clube inglês e passou a trabalhar
diariamente para concretizar o negócio com o Chelsea e não com outro clube, por
ter traçado tal objetivo profissional.
No fim das negociações, Corinthians e Chelsea mudaram o
modelo do acordo e fecharam a transferência por empréstimo, e não por venda.
Mesmo sem receber compensação financeira, o Corinthians viu benefícios em
aceitar a oferta em troca da economia de R$ 5 milhões em 2016 pelo pagamento de
salários.
Corinthians, que gastou R$ 40 mi, pode não ser compensado
Mesmo com a economia salarial, o Corinthians ainda pode ter
dores de cabeça com o negócio. Como o contrato entre as partes vai até o fim do
ano, há a possibilidade de que um pré-contrato com outro clube seja assinado já
no meio do ano. O empréstimo com o Chelsea foi fechado com uma cláusula de
opção de compra de 12 milhões de euros (R$ 53,3 milhões) – o Corinthians, no
entanto, só detém 60% dos direitos econômicos.
A manobra faria com que Pato trocasse o Corinthians por
outro clube em janeiro de 2017 sem ressarcir os cofres corintianos. Ou seja, a
partir de julho, ele poderia assinar o seu novo vínculo com qualquer outra
equipe do mundo para atuar a partir de janeiro de 2017. Entre pagamento ao
Milan e de salários o Corinthians já gastou pelo menos R$ 60 milhões com Pato.
Há uma divergência na diretoria corintiana sobre os
benefícios de se renovar o contrato com Alexandre Pato. Por um lado, protegeria
o clube para que não perca o atleta de graça, mas por outro representa um risco
de gastar ainda mais com salários caso não receba uma proposta.
Segundo apurou a reportagem, o negócio entre Pato e Chelsea
foi concluído no último sábado. Como o jogador foi informado pouco antes do
acordo sobre a mudança de modelo – de venda para empréstimo – não houve tempo
para discutir a possibilidade de renovar ou não com o Corinthians. Segundo
pessoas próximas, Pato não tem vontade de prolongar o vínculo com o
Corinthians, mas deverá fazê-lo caso seja orientado nesse sentido por seu
estafe.
No Corinthians, parte da diretoria reconhece que pode ouvir
mais um não de Pato, especialmente pelo atleta acumular mágoa durante o período
de guerra entre ele e diretoria.
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